segunda-feira, junho 04, 2012

Resenha Crítica - "Reecontrando a Felicidade"

Atenção a crítica abaixo contém spoilers, se você não assistiu ao filme, não leia!


Título: Reencontrando a Felicidade
Título Original: Rabbit Hole
Distribuidora/Produtora: Paris Filmes/Lionsgate
Duração do filme: 96 minutos
Gênero: Drama
Diretor: John Cameron Mitchell
Elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Dianne Wiest, Sandra Oh, Jon Tenney, Giancarlo Esposito, Tammy Blanchard, Miles Teller, Mike Doyle.
Nota: 7,0

“Reencontrando a Felicidade” explora a consciência de seus personagens centrais buscando retratar como a perda de um ente querido pode desequilibrar e deteriorar o sentimento e a relação familiar daquelas pessoas que não conseguem aceitar ou lidar com isto. Sendo assim, o casal protagonista interpretado por Nicole Kidman e Aaron Eckhart, assumem diferentes posicionamentos e comportamentos ao perderem seu pequeno filho em um inesperável e triste acidente. A força da perda, portanto, se sobrepõe à vontade de seguir em frente.

O distanciamento entre Becca e Howie Corbett é facilmente perceptível à medida que o relacionamento se mostra vazio, frio e deprimente. O contraste de reações também é bastante interessante: a mulher querendo se livrar dos objetos do filho para tentar amenizar a dor, enquanto o marido desaprova totalmente estas atitudes dela. Sendo assim, o luto penetra na mente deles, distorcendo a razão e apagando toda a felicidade que antes tinham. O relacionamento com o restante da família também se dificulta. A mãe e a irmã de Becca tentam ajudá-la de qualquer forma, mas ela nunca colabora, dizendo que a não compreendem corretamente.
Logo nos trinta primeiros minutos do filme, o casal tenta frequentar um grupo de pessoas anônimas para tentar dividir suas experiências a respeito da morte. Mas Becca de imediato não demonstra interesse pela ideia e deixa o clima do local muito tenso ao zombar de um comentário religioso que um dos membros do grupo fizera.

Há duas passagens marcantes que gostaria de mencionar: a cena do supermercado, onde Becca age estupidamente e perde a razão com uma mãe que não queria comprar um doce ao seu filho; e claro, quando Howie faz totalmente o contrário da esposa, ao ser racional e não trai-la com uma das mulheres do grupo.

O filme não possui um enredo totalmente original, mas o que garante a estabilidade e o reconhecimento do mesmo é a forma de como o roteiro foi bem explorado e esquematizado, além de atuações impecáveis e memoráveis como a de Nicole Kidman, que soube “nadar de braçadas” e ainda levou uma indicação ao Oscar. Os detalhes dos diálogos, das cenas, da posição da câmara, além de outros recursos técnicos realçam ainda mais o temperamento das cenas, deixando-as inteligentes, fortes e sentimentais.

O desfecho é bem sutil e não acaba com aquele velho clichê barato: “fizeram as pazes, tiveram novamente um lindo filhinho, reencontraram finalmente a felicidade e FIM”. Não. O filme deixa margens de que com o tempo conseguiriam se estabilizar, reconstruindo os laços entre si e com o resto da família.

            Críticas e comentários realizados por Luis Guilherme.

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